A chegada inesperada de Javér Gatopardo, para o jantar, após uma ausência de quarenta anos, torna-se sensivelmente mais marcante quando ele anuncia ao seu primo Victor Gatopardo, o anfitrião, e aos dois amigos presentes, que pretende matar um homem. Opondo-se veementemente a idéia extravagante e absurda, Victor adverte ao primo sobre a inconveniência de tentar justificar assassinatos, mas para melhor argumentar pergunta o porquê da resolução tão temerária.
A resposta é surpreendente.
É assim, que o narrador, Pepe Zardi, nos descreve o momento exato em que matar passou a ser uma opção aceitável.
“ Javér deu de ombros quase divertido. Quando respondeu estava totalmente voltado para Victor Gatopardo. Inclinado em direção dele como se aquele assunto só a Victor interessasse.
Respondeu pausadamente.
___ Não, isso seria fácil. Ele quer o seu lugar, caro primo, quer a presidência do Clube Internacional de Havanófilos. Com toda sua honra, poder e prestígio.
Wilburn deixou escapar um grito de puro horror e cheguei a temer que fosse desmaiar.
Quanto a Victor, ficou lívido.
Nossos olhares se cruzaram e um longo conhecimento me deixou adivinhar o que se passava com ele .
Por um momento, infinito e angustiante, Victor Gatopardo lamentou ter falado tão veementemente contra a conveniência de justificarem-se assassinatos.”
Quando finalmente ocorre o assassinato,Victor Gatopardo não tem alternativa, senão encarregar-se da elucidação do mistério, não importando as conseqüências.
